domingo, 15 de fevereiro de 2009

Horário de Verão

Caros amigos,

Gostaria de informá-los que além do Governo Federal ter "deixado de gastar" quase R$4 bilhões durante o horário de verão, ele também devolveu a hora de vida que havia te tomado no dia 19 de outubro de 2008.

E quem disse que não fazia nada para ajudar o Governo no horário de verão, estava enganado, você emprestou uma hora de sua vida para ele, amigo. Fique feliz em recebê-la hoje, afinal, nem todos conseguiram esse feito.

Um minuto de silêncio a todas as pessoas que morreram neste período e que não puderam usufruir por mais uma hora de vida.

Sem mais....

Um forte abraço

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Redação nota 10 - ESCS

Tema: Não importa aonde você vá, lá há uma arma.

A população mundial soma mais de 6 bilhões de pessoas, diferentes entre si, mas com uma coisa em comum, o comportamento humano. O ser humano tem a necessidade de aceitação, de auto-afirmação, intrínseca nele. Ele necessita fazer parte de um grupo para conseguir viver. Até dentro da sociedade, formam-se inúmeras gangues com indivíduos com características similares. E para se fazer parte destas gangues é necessário agir do modo que eles agem, se vestir do modo deles, ter um comportamento semelhante. Mas, mais que aceitação, o ser humano busca poder. Poder é a palavra-chave, o homem anseia dominar os outros. Além disso, ter poder significa ser respeitado. E não há mais nada no mundo que dê para alguém mais respeito do que uma arma em punho.

A arma age de duas formas, na pessoa que a empunha, o sentimento é de total poder, coragem, destreza, respeito, ela se torna senhora da situação, vendo todos os outros como reles súditos. Na pessoa para qual a arma está apontada, o sentimento é de terror, impotência, vergonha, obediência. Logo, o simples fato de empunhar uma arma de fogo pode transformar um "Zé Ninguém" em "Deus". Esse é o fascínio do ser humano, ser semelhante a Deus. E ninguém sabe explorar esse fascínio tão bem quanto a indústria bélica.

A arte de se fazer uma arma é um dos negócios mais rentáveis do mundo. Nenhum outro negócio fatura tanto e por tão longo tempo. Desde o princípio do ser humano ela está presente, seja para auxiliá-lo na sua caçada por alimento ou na destruição de outra vida em prol de seu auto-benefício. Sempre existe uma guerra explodindo em algum lugar do planeta, seja ela por motivos justos ou não, o fato é que sempre a indústria bélica está por trás, influenciando, incitando, apoiando ambos os lados. Pois, quando termina a guerra, somente um lado sai vitorioso, o todo poderoso fornecedor de armas.

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Até agora não entendi de onde eles viram 10 nessa redação. Mas Obrigadooooo! =]

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti